RELATÓRIOS: Resultados 2014-2017

Relatórios anuais
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O Az – Rede de Investigação em Azulejo (anteriormente designada Rede Temática em Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Miguel dos Santos Simões) é um grupo do ARTIS desde 2009.

Numa primeira fase, a Rede procurou consolidar-se através da criação de uma estrutura humana, institucional e metodológica, que lhe permitisse crescer nos anos subsequentes. Neste sentido, e até 2013, beneficiou das bolsas de investigação que já tinha em 2009, mas através dos concursos anuais da FCT conseguiu transformar duas Bolsas de Investigação (BI) em Bolsas de Doutoramento (BD) e uma Bolsa de Gestão de Ciência e Tecnologia (BGCT) em Bolsa de Pós-Doutoramento (BPD) estudando assuntos específicos da azulejaria portuguesa, estratégia fundamental para ganhar massa crítica. Por outro lado, concretizou vários protocolos de colaboração com instituições que têm à sua guarda património azulejar, empresas e outras unidades de investigação (ver separador Parceiros). Cumpria, deste modo, a sua articulação em rede, estendendo esta estrutura aos investigadores de outras unidades de investigação e de outras áreas do conhecimento, não apenas em Portugal mas também no estrangeiro. A tradução do Iconclass - Sistema de Classificação para Conteúdos Culturais (2012-2014), ferramenta actualmente ligada ao RKD - Netherlands Institute for Art History e disponibilizado no Az Infinitum, constituiu um importante passo em matéria de internacionalização, tal como o projecto PrintArt (PTDC/EEA-CRO/098822/2008) (2010-2013), tendo sido apresentadas diversas comunicações (em Viena (2012), Florença (2012) e Roma (2014)), algumas das quais no contexto de importantes conferências internacionais na área da visão computacional como a European Conference on Computer Vision (ECCV), que acolheu um primeiro workshop – VISART – em 2012, e depois outros em 2014 e 2016, o que revela a importância do projecto mesmo após o seu término. 
 

O Az Infinitum como projecto âncora do grupo

Em 2012 a Rede lançou aquele que viria a constituir-se como o seu projecto âncora, o Az Infinitum – Sistema de Referência e Indexação de Azulejo, desenvolvido em parceria com o Museu Nacional do Azulejo e a empresa Sistemas do Futuro. Trata-se de um projecto orientado para a investigação sobre o azulejo produzido ou aplicado em Portugal, disponível em livre acesso através de uma plataforma online, resultante de várias bases de dados interrelacionadas. O Az Infinitum permite registar e relacionar informações sobre os locais de aplicação dos revestimentos cerâmicos, os temas e motivos representados, as autorias associadas, as cronologias, as fontes de inspiração, fotografias antigas, materiais e técnicas usadas, documentação de arquivo, entre muitas outras. Num outro nível, cruza informações textuais e visuais, possibilitando o processamento e a sistematização de uma enorme quantidade de informação, promovendo a sua análise e potenciando o aparecimento de novas questões que, a médio prazo e com a colaboração da comunidade científica, poderá trazer novas perspectivas sobre a história do azulejo produzido e/ou aplicado em Portugal. Actualmente, o Az Infinitum organiza-se em cinco grandes áreas: In situ, Autores, Padrões, Iconografia, Bibliografia. Mas há várias outras em preparação: fotografias antigas, gravuras, thesaurus.

Ao entender o Az Infinitum como uma ferramenta de trabalho e um pólo aglutinador de investigação, é expectável que muitos dos projectos do grupo Az sejam potenciados por esta plataforma, convergindo na sua direcção. Neste contexto, cumpre destacar o projecto Catalogação de padrões da azulejaria portuguesa, activo desde 2010. Muito embora algumas bolsas especialmente dedicadas a este projecto tenham terminado, os trabalhos têm avançado, ainda que a um ritmo mais lento. Os protocolos e acordos de parceria com outras instituições originaram projectos na área do inventário da Baixa pombalina, do concelho de Ovar, da cidade do Barreiro, da região do Porto, da cidade de Braga, dos hospitais das Caldas da Rainha, entre outros. As dissertações de mestrado e as teses de doutoramento permitiram dispor de conteúdos ao nível dos inventários e estudo dos azulejos na cidade do Barreiro, das Caldas da Rainha, de épocas como o período barroco, a época contemporânea, etc. Do mesmo modo, o Az conseguiu assegurar um projecto de investigação de pós-doutoramento dedicado ao estudo das molduras barrocas e cuja metodologia de trabalho tem por base o Az Infinitum. Avançou-se, assim, no conhecimento sobre a azulejaria pombalina, no azulejo de fachada do século XIX e início do século XX, e principalmente nas molduras barrocas, estas últimas com resultados apresentados em encontros científicos internacionais, os quais foram publicados volumes de actas.

Mais recentemente, e fruto do desenvolvimento tecnológico que tem vindo a promover, o Az Infinitum tem assumido a sua vertente de projecto e ferramenta digital, com voz activa na discussão promovida no seio da História da Arte a nível internacional sobre a designada História da Arte Digital, o que contribui para a internacionalização do grupo, que tem integrado conferências e projectos como o IV Encuentro Internacional de Historia del Arte Y Cultura Artística Digital: Digital Art History and Artistic Culture. IV International Meeting (Málaga, Dezembro 2016), o hackathon Coding Dürer (Munique, 13-17 Março 2017), ou a conferência Digital Art History: Practice and Potential, promovida pelo Courtauld Institute of Art e que decorreu no Paul Mellon Centre (Londres, 11 Outubro 2017).
 

Outros projectos relevantes

As fotografias antigas permitiram a digitalização não apenas da colecção de slides do Museu Nacional do Azulejo, mas também o acesso às fotografias do antiquário Manuel Leitão (2014), que constituem documentos visuais de enorme relevância para o estudo de proveniências, projecto lançado em 2014, com resultados já publicados. Por sua vez, o carregamento de gravuras e a sua ligação aos revestimentos para os quais serviram de fonte de inspiração é fundamental para fazer avançar os estudos sobre cultura visual e sobre a construção das imagens, mas há ainda um longo caminho a percorrer no sentido da identificação destas fontes e a sua inserção no Az Infinitum. Resta mencionar o Az.Thesaurus, que apenas tem completa a área relativa aos materiais e técnicas, tendo-se avançado a propósito do AzLab#33 com definições de terminologias ao nível dos intervenientes. É fundamental prosseguir com esta proposta, mas também necessário encontrar outros interlocutores em diversas áreas.
 

Produção científica

Em matéria de produção científica, regista-se a participação em várias conferências nacionais e internacionais, livros e artigos publicados em revistas com arbitragem científica, mostrando que, mesmo com as dificuldades de implantação externa que se verificam no estudo de uma matéria tão específica como é o caso do azulejo, o Az e os seus investigadores foram capazes de integrar a azulejaria em contextos mais alargados, interessando deste modo a comunidade científica internacional. Entre as muitas publicações assinaladas nos relatórios anuais, destacamos o artigo publicado no volume de actas Framings, sobre molduras barrocas (2015), a edição das actas do AzLab#14 Azulejos and Frames (2016), a participação no livro “The Most Noble of the Senses”: Anamorphosis, Trompe-L’Oeil, and Other Optical Illusions in Early Modern Art, editado pela Norte Americana Zephyrus Scholarly Publications LLC, com um capítulo dedicado às questões da ilusão nos azulejos barrocos (2016). As publicações dos investigadores do grupo não se resumem, todavia, à Época Moderna, mas materializam-se também no estudo de artistas contemporâneos, como é o caso de Hein Semke, entre outros.


O Az assumiu, desde 2015, uma colaboração estreita com a editora Centro Atlântico, contando actualmente com cinco livros editados e a colaboração em mais um. Merece especial referência o livro de Rosário Salema de Carvalho (textos) e Libório Manuel Silva (fotografia) - Azulejo em/in Braga – O Largo Tempo do Barroco / The Baroque Period (2016), pois trata-se de uma obra cheia de novidades documentais (fruto da colaboração de outro investigador do Az, Eduardo Pires de Oliveira) e de análise sobre conjuntos cerâmicos do concelho de Braga, mas com implicações sobre o conhecimento da produção de azulejos em Portugal no período barroco. Mas é também um livro de enorme beleza pela excelência das fotografias, que se destaca no panorama editorial nacional. 

Por sua vez, a obra Azulejos. Maravilhas de Portugal / Wonders of Portugal (2017) reuniu os 40 mais importantes revestimentos azulejares do país, envolvendo uma grande parte dos investigadores integrados e colaboradores do grupo. Beneficiando das imagens de um dos mais importantes fotógrafos de património da actualidade, Libório Manuel Silva, este livro revela as mais recentes perspectivas de investigação sobre a azulejaria portuguesa, em textos escritos pelos mais significativos investigadores nacionais e internacionais. O mesmo modelo foi depois seguido num outro livro, que embora de cariz mais divulgativo não deixa de expressar um enorme rigor e actualidade científica – Azulejos à Mesa / in Restaurants (2017) – uma edição totalmente bilingue.  

O nível e o reconhecimento dos investigadores do Az pode também ser medido nos convites endereçados para participar em júris de teses académicas e nas comissões científicas de conferências e revistas, destacando-se a conferência GlazeArch em 2015. 
 

Apoio a candidaturas

Um dos investimentos efectuados nos últimos anos diz respeito às candidaturas a projectos apresentadas, encontrando-se em fase de avaliação as propostas do último concurso (2016-2017). Muito embora não tenha sido possível até à data obter nenhum financiamento em concursos competitivos, conseguiu-se algum financiamento privado para bolsas (por exemplo, no âmbito do projecto Az.Thesaurus, financiada pela Fundação Joana Vasconcelos) e apoio a deslocações. Por outro lado, no que diz respeito às candidaturas a bolsas, foram aprovadas duas bolsas de doutoramento (2014 e 2017).
 

Divulgação de ciência

Todos os resultados atrás sumariados e que se encontram devidamente explicitados nos relatórios anuais foram alcançados sem deixar de valorizar a ligação à sociedade, continuando o grupo a promover conferências regionais e locais de valorização e sensibilização patrimonial, e sem deixar de estar presente em projectos concretos e de acção directa sobre a salvaguarda do azulejo, caso do SOSAzulejo, projecto promovido pelo Museu da Polícia Judiciária. 

Na divulgação de ciência importa mencionar os diversos perfis nas diferentes redes sociais, actualizados diariamente com conteúdos formativos e informativos relacionados com a história do azulejo, disponibilizados sempre em português e inglês (ver Facebook:@az.redeazulejo e @AzInfinitum; Instagram: @rede_azulejo). A estes acresce ainda o perfil do Pinterest.

Por fim, destacamos os seminários mensais abertos intitulados AzLab, organizados em conjunto com o Museu Nacional do Azulejo, que decorrem às quartas-feiras, às 18h00 na FLUL, desde Janeiro de 2014, sem interrupção (regista-se um período de paragem sempre nos meses de Julho a Setembro). Suportado num blogue, o AzLab conta em Dezembro de 2017 com 35 sessões, sempre com convidados e temas diferentes, debatendo assuntos relevantes do ponto de vista da história do azulejo. O objectivo do AzLab é promover o debate em torno da azulejaria, destacando-se algumas edições especiais de âmbito internacional e com call for papers, depois editadas em volumes de actas (AzLab#14 e AzLab#33).

Apresentação do livro Azulejos. Maravilhas de Portugal, Porto de Leixões, 2017