3. Informação nuclear

Recomendações
Não sendo objectivo deste guia organizar a informação segundo uma ficha de inventário pré-definida, importa, todavia, chamar a atenção para a necessidade de registar dados identificativos, como, por exemplo, os que se reportam à designação do imóvel ou à localização.



DESCRIÇÃO
A descrição é um texto objectivo e sucinto referente ao espaço ou revestimento que é objecto de análise e não ao conhecimento que dele se tem. Deve ser organizado do geral para o particular.
 
No caso do inventário de revestimentos cerâmicos in situ, em que estes seguem uma estrutura hierárquica (do geral para o particular), importa recordar que esta corresponde a quatro níveis de descrição distintos:
Imóvel
       Espaço
              Revestimento cerâmico
                     Secção (Figurativa / Ornamental / Padrão)
 
O imóvel e o espaço devem contextualizar o revestimento, com uma descrição sucinta, apenas indicando as linhas gerais de enquadramento dos azulejos na arquitectura e da sua ligação a outras artes presentes no mesmo espaço.
 
No revestimento descreve-se a sua articulação com o espaço em que se integra, organizando-se por paredes, níveis de leitura e secções. A descrição do revestimento deve ser em texto livre.
 
Cada secção descreve o que está representado, quer seja figuração (iconografia), quer seja uma composição geométrica ou de cariz abstractizante, quer seja um padrão.


ICONOGRAFIA
Identificação, catalogação e descrição de cada secção figurativa, com indicação da sua localização do espaço [p. ex. parede 1, nível 2, secção1].
 
A identificação e a catalogação devem ser apoiadas em classificações como o ICONCLASSSistema de Classificação para Conteúdos Culturais.
 
Na catalogação deve-se indexar tudo o que está claramente representado; tudo o que está representado de forma menos clara se for informativo; não indexar partes de um todo se o todo já está indexado e as partes estão implícitas nesse todo.
 
A descrição é um texto livre que deve complementar a catalogação, por exemplo, ao determinar a posição relativa de objectos ou figuras, facilitando a sua identificação.

Ainda sobre a descrição
As descrições abordam essencialmente dois dos três níveis definidos por Erwin Panofsky - a descrição e a identificação iconográfica. A interpretação iconográfica, ou iconologia, é remetida para um outro texto livre, sempre que haja estudos que permitem chegar a este nível.


PADRÕES
Identificação do padrão (e também dos emolduramentos: barras, cercaduras, frisos, cantos e cantoneiras) com indicação da sua localização do espaço [p. ex. parede 1, nível 2, secção1]. Deve ser seguida a catalogação de padrões efectuada por Santos Simões para o século XVII, actualizada no Az Infinitum para os padrões de todos os séculos (quando disponí- vel). Quando o padrão a inventariar não tiver ainda sido objecto de catalogação, deve-se considerar a possibilidade de fazer uma caracterização sumária do padrão, indicando apenas o módulo, as cores, e uma referência à composição, e.g., se é vegetalista, geométrico, etc.

 
CLASSIFICAÇÃO
Classificação do revestimento quanto à sua representação [ver lista de vocabulário controlado].


AUTORIAS
Interveniente(s) envolvido(s) na concepção e/ou na execução da obra (autores, pintores, oleiros, azulejadores, fábricas…). Inclui obra assinada, documentada ou atribuída. Para a escrita dos nomes deve-se recorrer a listas de autorias (Union List of Artist Names (ULAN), do Getty Research Institute ou Az Infinitum). É fundamental identificar o tipo de autoria e justificar a mesma.

É indispensável que se perceba de forma imediata se o revestimento é assinado, identificado, documentado ou atribuído. Se for assinado ou identificado deve ser indicada a parede e a secção em que está a assinatura ou o texto identificativo. Se for documentado deve-se remeter para o documento ou para a publicação do mesmo. Se for atribuído deve ser indicado quem atribui. A bibliografia a utilizar nestes casos pode ser sumária, recorrendo ao formato seguinte: MECO - O Azulejo em Portugal, p. 50. Todavia, no caso das atribuições é conveniente colocar inicialmente a data da obra ([1986] – MECO - O Azulejo em Portugal, p. 50) de forma a facilitar a leitura da cronologia de atribuições.


CRONOLOGIA
Informação relativa à data ou período correspondente às várias fases da obra (concepção, execução, aplicação, intervenções posteriores, etc.).
 
A cada informação deve corresponder uma data e a informação deve ser o mais detalhada possível, justificada com recurso à bibliografia (formato sumário).
 
Usar preferencialmente o formato de data ano-mês-dia (0000-00-00), evitando, sempre que possível, datas textuais.
 
A bibliografia a utilizar nestes casos pode ser sumária, recorrendo ao formato seguinte: MECO - O Azulejo em Portugal, p. 50. Todavia, no caso das atribuições é conveniente colocar inicialmente a data da obra ([1986] MECO - O Azulejo em Portugal, p. 50) de forma a facilitar a leitura das atribuições para a cronologia.


LOCALIZAÇÕES
Local onde se situa o revestimento a inventariar, no interior ou exterior.
 
 
MATERIAIS

Informação sobre os elementos que compõem determinado revestimento em termos físicos ou morfológicos.
 
 
MEDIDAS
Dimensões aproximadas do revestimento (altura x largura, por parede) e de um azulejo.


PRODUÇÕES
Entidade(s) responsável(eis) pela execução da obra e/ou local de manufactura (olarias, fábricas…). Inclui obra identificada, documentada ou atribuída.
 
É indispensável que se perceba de forma imediata se a produção é identificada, documentada ou atribuída. Usar os mesmos critérios de AUTORIAS e CRONOLOGIA.
 
 
PROVENIÊNCIA
Informação relativa à procedência do revestimento cerâmico, sempre que tal se justifique, ou seja, nos casos em que os revestimentos tenham sido reaplicados (noutros locais que não aqueles para os quais tinham sido originalmente concebidos, ainda que o local final possa ser o mesmo, como no caso do Convento da Madre de Deus, em Lisboa).
 
 
TÉCNICAS
Informação relativa à manufactura do azulejo, dividida quanto à conformação, decoração e aplicação.
 

INVENTARIANTES
Registo dos técnicos responsáveis pelo preenchimento da ficha de inventário, com a descrição das diferentes tarefas e as datas da sua execução.